Questão 70, caderno azul do ENEM 2020

Com efeito, até a destruição de Cartago, o povo e o Senado romano governavam a República em harmonia e sem paixão, e não havia entre os cidadãos luta por glória ou dominação; o medo do inimigo mantinha a cidade no cumprimento do dever. Mas, assim que o medo desapareceu dos espíritos, introduziram-se os males pelos quais a prosperidade tem predileção, isto é, a libertinagem e o orgulho.

SALÚSTIO. A conjuração de Catilina/A guerra de Jugurta. Petrópolis: Vozes, 1990 (adaptado).

 O acontecimento histórico mencionado no texto de Salústio, datado de I a.C., manteve correspondência com o processo de

A)  demarcação de terras públicas.

B)  imposição da escravidão por dívidas.

C)  restrição da cidadania por parentesco.

D)  restauração de instituições ancestrais.

E)  expansão das fronteiras extrapeninsulares.

Resolução em texto

Matérias Necessárias para a Solução

  • História da Antiguidade
  • Roma Antiga
  • Guerras Púnicas
  • Expansão Territorial Romana

Nível da Questão: Médio – exige conhecimento básico sobre as Guerras Púnicas e a expansão territorial de Roma.

Gabarito: LETRA E – Expansão das fronteiras extrapeninsulares.


Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo

Comando da questão:

A questão pede a identificação do processo histórico associado à destruição de Cartago, mencionada por Salústio.

Palavras-chave:

  • “Destruição de Cartago”: Marco das Guerras Púnicas, o conflito entre Roma e Cartago.
  • “Expansão das fronteiras”: Resultado direto do domínio romano sobre Cartago e territórios fora da Península Itálica.

Objetivo:

Reconhecer que o texto se refere à expansão de Roma para além da Itália, consolidada após a destruição de Cartago no contexto das Guerras Púnicas.


Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto

Contexto Histórico das Guerras Púnicas:
As Guerras Púnicas foram três grandes conflitos travados entre Roma e Cartago, duas das maiores potências do Mediterrâneo no século III e II a.C. Elas ocorreram porque Roma e Cartago disputavam o controle do comércio e das rotas marítimas no Mediterrâneo.

  • Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.): Roma venceu e tomou o controle da Sicília, marcando o início de sua expansão marítima.
  • Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.): Roma venceu e se consolidou como a potência dominante.
  • Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.): Roma destruiu Cartago completamente, anexando o norte da África como parte de seu território.

O texto de Salústio refere-se a esse momento final, quando Roma venceu definitivamente Cartago, eliminando seu maior rival e consolidando sua expansão para fora da Península Itálica.

Frases-chave:

  • “Até a destruição de Cartago, o povo e o Senado romano governavam a República em harmonia e sem paixão.”
  • “O medo do inimigo mantinha a cidade no cumprimento do dever.”
  • “Assim que o medo desapareceu dos espíritos, introduziram-se os males […] a libertinagem e o orgulho.”

Interpretação:
O texto de Salústio descreve um momento de transição para Roma. A destruição de Cartago simbolizou o fim de um grande rival externo e inaugurou uma nova fase de prosperidade e domínio territorial. No entanto, o autor aponta que, sem a ameaça externa, surgiram problemas internos como disputas pelo poder e mudanças nos valores da sociedade romana. Esse contexto está diretamente relacionado à expansão das fronteiras romanas além da Península Itálica, impulsionada pelas Guerras Púnicas.


Passo 3: Explicação de Conceitos Necessários

  • Guerras Púnicas e a destruição de Cartago:
  • As Guerras Púnicas (264-146 a.C.) foram travadas entre Roma e Cartago pelo controle do Mediterrâneo. A destruição de Cartago na Terceira Guerra Púnica marcou o fim da rivalidade entre as duas potências.
  • Esse evento consolidou o domínio romano sobre o norte da África e abriu caminho para uma expansão territorial ainda maior.
  • Expansão Extrapeninsular de Roma:
  • Antes das Guerras Púnicas, o domínio de Roma estava restrito à Península Itálica. Após vencer Cartago, Roma passou a controlar territórios como a Sicília, a Península Ibérica e o norte da África, transformando-se em uma potência mediterrânea.
  • Impactos internos:
  • Sem a ameaça externa de Cartago, Roma enfrentou mudanças sociais e políticas, com maior concentração de poder nas elites e disputas internas. Salústio destaca essas transformações, associando-as ao desaparecimento do “medo do inimigo.”

Passo 4: Análise das Alternativas e Resolução

  • A. Demarcação de terras públicas: Incorreta. A demarcação de terras era uma questão interna em Roma, mas não está diretamente conectada à destruição de Cartago ou à expansão territorial.
  • B. Imposição da escravidão por dívidas: Incorreta. Embora a escravidão por dívidas fosse uma prática em Roma, ela não está ligada ao contexto das Guerras Púnicas ou à destruição de Cartago.
  • C. Restrição da cidadania por parentesco: Incorreta. Não há menção no texto ou no contexto das Guerras Púnicas a mudanças nas regras de cidadania baseadas em parentesco.
  • D. Restauração de instituições ancestrais: Incorreta. O texto não faz referência a nenhuma tentativa de restaurar práticas ou instituições antigas; trata, em vez disso, de expansão territorial e transformações na sociedade romana.
  • E. Expansão das fronteiras extrapeninsulares: Correta. A destruição de Cartago representou um marco da expansão territorial de Roma para além da Península Itálica, consolidando seu domínio sobre territórios como o norte da África e outras áreas estratégicas no Mediterrâneo.

Passo 5: Conclusão e Justificativa Final

A alternativa E é correta porque o texto de Salústio aborda o impacto da destruição de Cartago, que encerrou as Guerras Púnicas e permitiu a expansão territorial de Roma para fora da Península Itálica. Esse evento consolidou o domínio romano sobre o Mediterrâneo e transformou Roma em uma potência imperial.

Resumo Final:
As Guerras Púnicas foram fundamentais para a transformação de Roma em um império territorial. A destruição de Cartago marcou o fim da rivalidade com essa potência e abriu caminho para a expansão romana para além da Península Itálica. A alternativa correta é E.

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