Questão 90, caderno azul do ENEM 2020

TEXTO I

O aumento de casos suspeitos de febre amarela em Minas pode estar relacionado à tragédia de Mariana, em 2015, segundo a bióloga da Fiocruz Márcia Chame. A hipótese tem como ponto de partida a localização das cidades mineiras que identificaram até o momento casos de pacientes com sintomas da doença. Grande parte está na região próxima do Rio Doce, afetado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015. 

FORMENTI, L. Para bióloga, surto de febre amarela pode ter relação com tragédia de Mariana.
O Estado de São Paulo, 14 jan. 2017.

TEXTO II

Por outro lado, Servio Ribeiro considera remota a possibilidade de influência da tragédia de Mariana (MG) neste surto de febre amarela em Minas Gerais. “A febre amarela é uma doença de interior de floresta. O mosquito que a transmite põe ovos em cavidades de árvores e em bromélias. É um mosquito da estrutura da floresta. Ele não se relaciona muito com grandes corpos-d ’água e com rios. As cidades afetadas pela doença estão em uma região onde os rejeitos não chegaram com força para derrubar a floresta”, diz o biólogo.

RODRIGUES, L. Especialistas investigam relação entre febre amarela e degradação ambiental.
Agência Brasil, 25 jan. 2017.

Sobre a tragédia de Mariana, os textos apresentam divergência quanto ao(à)

A)  poluição dos rios locais.

B)  identificação da área afetada.

C)  destruição da vegetação nativa.

D)  aparecimento de enfermidade endêmica.

E)  surgimento de comunidades desabrigadas

Resolução em texto

Matérias Necessárias para a Solução

  • Geografia Ambiental
  • Saúde Pública
  • Ecologia

Nível da Questão: Médio – Exige análise comparativa de textos e compreensão de impactos ambientais e epidemiológicos.

Gabarito: LETRA D – Aparecimento de enfermidade endêmica


Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo

Comando da questão:

O comando pede para identificar a divergência apresentada nos dois textos sobre a relação entre a tragédia de Mariana e o surto de febre amarela. A análise requer compreender como os autores tratam a possível conexão entre a degradação ambiental e a ocorrência da doença.

Palavras-chave:

  • “Febre amarela”: Enfermidade causada por vírus, transmitida por mosquitos, com ciclos associados a florestas e populações humanas.
  • “Rompimento da Barragem de Fundão”: Evento em Mariana (MG) em 2015, que liberou rejeitos minerais, causando degradação ambiental.
  • “Degradação ambiental e surto”: Refere-se à possível relação entre mudanças no meio ambiente causadas pela tragédia e o aumento dos casos da doença.

Objetivo:

Analisar os dois textos para identificar a discordância central sobre o impacto ambiental e epidemiológico da tragédia.


Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto

Os textos apresentam pontos de vista divergentes sobre a relação entre a tragédia de Mariana e o aumento dos casos de febre amarela em Minas Gerais.

Frases-chave do Texto I:

  1. “O aumento de casos suspeitos de febre amarela em Minas pode estar relacionado à tragédia de Mariana”: Sugere uma conexão entre o rompimento da barragem e o surto.
  2. “Casos estão na região próxima do Rio Doce”: Indica que a localização geográfica dos casos apoia a hipótese da influência ambiental.

Frases-chave do Texto II:

  1. “A febre amarela é uma doença de interior de floresta”: Afirma que a doença está mais relacionada à estrutura natural da floresta do que a grandes corpos d’água ou rios.
  2. “Os rejeitos não chegaram com força para derrubar a floresta”: Contradiz a ideia de que o impacto ambiental do rompimento teve influência direta no surto.

Interpretação Geral:
O Texto I defende que a degradação ambiental causada pela tragédia influenciou o surto de febre amarela, enquanto o Texto II descarta essa relação, argumentando que os mosquitos transmissores não dependem de grandes corpos d’água ou da área diretamente atingida pelos rejeitos.


Passo 3: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários

  • Tragédia de Mariana (2015):
    • O rompimento da Barragem de Fundão liberou milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais, devastando o Rio Doce, matando espécies e poluindo áreas florestais e aquáticas.
  • Febre Amarela e Ciclo Silvestre:
    • A febre amarela tem um ciclo silvestre, transmitido por mosquitos que vivem em áreas de floresta, como o Haemagogus. Alterações no habitat natural podem aumentar a exposição de pessoas a esses mosquitos.
  • Relação entre Desastres Ambientais e Saúde Pública:
    • Desastres ambientais podem alterar ecossistemas, deslocar populações de animais e aumentar o risco de doenças infecciosas ao expor mais pessoas a vetores, como mosquitos.
  • Divergência nos Impactos Ambientais:
    • Enquanto o Texto I associa o surto de febre amarela ao impacto ambiental, o Texto II argumenta que a estrutura florestal das áreas atingidas não foi significativamente alterada.

Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio

Os textos refletem perspectivas diferentes sobre os impactos da tragédia de Mariana. O Texto I sugere que a degradação ambiental no Rio Doce pode ter alterado o habitat dos mosquitos transmissores, aumentando o contato com humanos. Já o Texto II destaca que o ciclo da febre amarela está mais associado às florestas do que a grandes rios ou corpos d’água, negando a relação entre o surto e a tragédia.


Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução

A) Poluição dos rios locais
Errada. Ambos os textos concordam que a tragédia causou poluição no Rio Doce, e isso não é objeto de divergência.

B) Identificação da área afetada
Errada. Não há contradição entre os textos sobre as áreas atingidas pelos rejeitos. Ambos reconhecem que a tragédia impactou regiões próximas ao Rio Doce.

C) Destruição da vegetação nativa
Errada. Embora o Texto I sugira um impacto ambiental mais amplo, o Texto II não discorda que algumas áreas foram destruídas. Essa questão não é o ponto central da divergência.

D) Aparecimento de enfermidade endêmica
Correta. O Texto I defende que a tragédia contribuiu para o surto de febre amarela, enquanto o Texto II nega essa relação, argumentando que a estrutura florestal dos locais afetados permaneceu intacta. Essa é a principal divergência entre os textos.

E) Surgimento de comunidades desabrigadas
Errada. Ambos os textos reconhecem que a tragédia de Mariana causou deslocamento de pessoas, mas isso não está relacionado à discussão sobre febre amarela.


Passo 6: Conclusão e Justificativa Final

Os dois textos apresentam uma divergência sobre a relação entre a tragédia de Mariana e o surto de febre amarela. Enquanto o Texto I sugere que o impacto ambiental contribuiu para o aumento de casos da doença, o Texto II descarta essa possibilidade, argumentando que os mosquitos transmissores não dependem diretamente das áreas atingidas. A alternativa correta é D – Aparecimento de enfermidade endêmica, pois reflete a principal discordância entre os autores.

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