Já em 1901, um dos primeiros levantamentos sobre a situação da indústria no estado de São Paulo constata que as mulheres representavam cerca de 49,95% do operariado têxtil, enquanto que as crianças respondiam por 22,79%. Em outras palavras, 72,74% dos empregados têxteis eram mulheres e crianças.
DEL PRIORE, M. (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2001 (adaptado).
Os dados apresentados indicam que o cotidiano do trabalho industrial no início do século XX estava vinculado à
A) ampliação da mão de obra fabril.
B) limitação da jornada laboral.
C) exigência de qualificação profissional.
D) elevação da produtividade feminina.
E) ausência de direitos sociais.

Resolução em texto
Matérias Necessárias para a Solução da Questão:
- História do Brasil (Primeira República e início da industrialização)
- História Social do Trabalho
- Questões de Gênero e Infância no Trabalho
Nível da Questão:
Médio
Gabarito:
E) ausência de direitos sociais.
🔹 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
📌 Comando Essencial do Enunciado:
“Os dados apresentados indicam que o cotidiano do trabalho industrial no início do século XX estava vinculado à…?”
🔹 Explicação Detalhada:
A questão informa que, em 1901, quase 73% dos trabalhadores de uma indústria têxtil em São Paulo eram mulheres e crianças, revelando uma realidade de exploração de mão de obra mais barata e menos protegida. O enunciado pede para relacionar esses dados a um aspecto característico do trabalho industrial daquele período.
✔ Palavras-Chave:
- “mulheres e crianças”
- “início do século XX”
- “cotidiano do trabalho industrial”
📌 Objetivo da Questão:
Identificar qual condição histórica estava em jogo no ambiente fabril da época, à luz dos dados sobre a composição da força de trabalho por mulheres e crianças.
🔹 Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
📌 Conceitos Teóricos Essenciais:
- Primeira Fase da Industrialização Brasileira:
- Começou a ganhar força no fim do século XIX e início do XX, com destaque para o estado de São Paulo.
- Marcada pela ausência de legislações trabalhistas que protegessem trabalhadores.
- Situação das Mulheres e das Crianças no Trabalho:
- Baixa remuneração em comparação com a mão de obra masculina adulta.
- Falta de direitos sociais, como limite de jornada, férias, assistência em casos de acidentes, entre outros.
- Legislação Trabalhista:
- Na virada do século XX, praticamente inexistia regulação de jornada, idade mínima ou garantias de segurança.
- Apenas na década de 1930 surgiriam leis trabalhistas mais consolidadas no Brasil.
🔹 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
📌 Análise do Contexto:
- O levantamento de 1901 mostrou uma elevada participação de mulheres e crianças em indústrias têxteis.
- Esse dado indica que a indústria se valia de segmentos mais vulneráveis e de menor custo de contratação.
✔ Frases-Chave do Enunciado:
- “49,95% do operariado têxtil eram mulheres”
- “22,79% eram crianças”
- “72,74% dos empregados têxteis eram mulheres e crianças”
🔹 Relação com os Conteúdos:
- Isso demonstra a carência de amparo legal, já que não havia leis que protegessem grupos mais frágeis.
- Aponta a precariedade do trabalho industrial e a exploração de mão de obra barata.
🔹 Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
📌 Resolução Passo a Passo:
- Alta participação feminina e infantil:
- O dado quantitativo reflete a busca das fábricas por trabalhadores que aceitassem menores salários e condições mais precárias.
- Condições de trabalho no início do século XX:
- Período sem legislação específica ou consolidada sobre jornada, idade mínima, segurança e benefícios.
- Consequência:
- Essa combinação (mulheres e crianças em larga escala) era possível por falta de garantias trabalhistas ou pressões sindicais efetivas.
- Conclusão do raciocínio:
- A principal característica do período é a ausência de direitos sociais e de qualquer tipo de regulamentação que protegesse os mais vulneráveis no ambiente industrial.
🔹 Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução
Reescrevendo as alternativas: A) “ampliação da mão de obra fabril”
B) “limitação da jornada laboral”
C) “exigência de qualificação profissional”
D) “elevação da produtividade feminina”
E) “ausência de direitos sociais”
✅ Justificativa da Alternativa Correta (E):
- Diante do grande número de mulheres e crianças na indústria, fica claro que o mercado explorava esse contingente com menor custo. Isso só é viável num cenário sem direitos sociais básicos e sem regulação que protegesse grupos vulneráveis.
❌ Análise das Alternativas Incorretas:
- A) ampliação da mão de obra fabril: embora a industrialização tenha crescido, a alternativa não foca na vulnerabilidade apontada pelo texto.
- B) limitação da jornada laboral: ao contrário, não havia limitação efetiva para a jornada.
- C) exigência de qualificação profissional: a contratação de mulheres e crianças se dava exatamente pela falta de exigência de qualificação.
- D) elevação da produtividade feminina: não é a produtividade que justifica a presença massiva dessas trabalhadoras, mas sim a economia de custos.
🔹 Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
📌 Resumo do Raciocínio:
- O texto revela um quadro de extrema precariedade no trabalho industrial do início do século XX, com grande participação de mulheres e crianças. Isso reflete a exploração de mão de obra mais barata e sem garantias, indicando um cenário de “ausência de direitos sociais”.
📌 Reafirmação da Alternativa Correta:
E) ausência de direitos sociais.
🔍 Resumo Final:
A composição do operariado têxtil por mulheres e crianças no início do século XX evidencia a falta de proteção legal e trabalhista que permitia essa exploração. Consequentemente, a principal característica associada a esses dados é a “ausência de direitos sociais” no trabalho fabril daquela época.