O mito de Sísifo explora a noção de “o absurdo”, que Camus descreve alternativamente como sendo a condição humana e, ao mesmo tempo, uma difusa sensibilidade do nosso tempo. Sísifo, condenado pelos deuses a uma infindável e fútil tarefa de rolar uma pedra montanha acima (donde ela haveria de rolar montanha abaixo pelo seu próprio peso), torna-se, assim, um exemplar da condição humana, lutando desesperada e impotentemente para alcançar algo.
SOLOMON, R. C. In: AUDI, R. Dicionário de filosofia de Cambridge.
São Paulo: Paulus, 2006 (adaptado).
O absurdo da condição humana, representado pela alegoria contida no texto, fundamenta-se na
A) confrontação da irracionalidade do real.
B) negação da materialidade do mundo.
C) rejeição da ideia de responsabilidade.
D) insuficiência da teoria da transcendência.
E) impossibilidade da existência de intersubjetividade.

Resolução em texto
Matérias Necessárias para a Solução da Questão: Filosofia Contemporânea (Existencialismo, Absurdo em Camus)
Nível da Questão: Médio
Gabarito: A (confrontação da irracionalidade do real)
Tema/Objetivo Geral (Opcional): Analisar a noção de “absurdo” em Camus, exemplificada pela alegoria de Sísifo, que expressa a condição humana diante de um mundo irracional.
Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
📌 Retomar o Comando da Questão:
“O absurdo da condição humana, representado pela alegoria contida no texto, fundamenta-se na…?”
🔹 Explicação Detalhada:
O enunciado traz a reflexão de Camus sobre a condição absurda do ser humano. O mito de Sísifo, que rola a pedra eternamente sem sentido, ilustra a ideia de que a vida humana se depara com uma realidade irracional. A pergunta é: qual a base dessa experiência do absurdo?
✔ Identificação de Palavras-chave:
- “Absurdo”
- “Mito de Sísifo”
- “Irracionalidade do real”
- “Condição humana”
📌 Definição do Objetivo:
Determinar a base do “absurdo” em Camus, tal como descrito na metáfora de Sísifo, e identificar o que fundamenta essa concepção.
Transição para o Passo 2:
“Agora que compreendemos o que se pede, vamos explicar os conceitos filosóficos necessários.”
Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
📌 Conceitos Teóricos Essenciais:
- Absurdo em Camus: É o confronto entre a busca de sentido pelo ser humano e a irracionalidade ou indiferença do mundo.
- Mito de Sísifo: Sísifo empurra eternamente uma pedra que sempre rola montanha abaixo, simbolizando o esforço humano sem finalidade aparente.
- Irracionalidade do Real: Para Camus, a realidade não oferece respostas ou sentido pré-estabelecido às nossas demandas.
Transição para o Passo 3:
“Com esses conceitos, prossigamos para a interpretação do texto de Camus.”
Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
📌 Análise do Contexto:
- O texto descreve Sísifo como alguém condenado a uma tarefa infindável, simbolizando a condição humana.
- Camus define o absurdo como a “sensibilidade do nosso tempo” e a condição humana de confrontar um mundo sem sentido.
🔹 Identificação de Frases-chave:
- “O absurdo … é a condição humana e, ao mesmo tempo, uma difusa sensibilidade.”
- “Sísifo … torna-se um exemplar da condição humana, lutando desesperada e impotentemente.”
✔ Relação com os Conteúdos:
- A experiência do absurdo surge quando o homem, buscando significado, encontra um universo que não o oferece.
Transição para o Passo 4:
“Agora, vamos desenvolver o raciocínio que explica por que isso se refere à irracionalidade do real.”
Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
📌 Resolução Completa:
- Para Camus, o “absurdo” é o choque entre o desejo de sentido (humano) e o silêncio do mundo (irracional).
- Sísifo representa a humanidade em sua labuta infinita, sem resposta ou propósito transcendente.
- Logo, o fundamento do absurdo está em nos depararmos com um real que não satisfaz nossas exigências de racionalidade.
🔹 Explicação da Lógica:
- As demais opções (como negação da materialidade ou impossibilidade de intersubjetividade) não correspondem ao cerne do pensamento de Camus, que realça a falta de sentido do mundo.
Transição para o Passo 5:
“Agora vamos analisar as alternativas e confirmar a correta.”
Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução
📌 Reescrita das Alternativas:
A) Confrontação da irracionalidade do real.
B) Negação da materialidade do mundo.
C) Rejeição da ideia de responsabilidade.
D) Insuficiência da teoria da transcendência.
E) Impossibilidade da existência de intersubjetividade.
✅ Justificativa da Alternativa Correta (A):
- Camus define o absurdo como a tensão entre a busca humana de sentido e a falta de respostas racionais do mundo. É, portanto, um confronto com a irracionalidade do real.
❌ Análise das Alternativas Incorretas:
- B: Camus não nega a materialidade do mundo; ele a constata como indiferente.
- C: Não há recusa de responsabilidade; Camus até valoriza a atitude humana diante do absurdo.
- D: O problema não é a “insuficiência da teoria da transcendência” em si, mas a ausência de sentido no mundo.
- E: Camus não afirma que a intersubjetividade é impossível; o foco é a falta de sentido cósmico.
Transição para o Passo 6:
“Por fim, vamos concluir e reafirmar a alternativa correta.”
Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
📌 Resumo do Raciocínio:
- O absurdo, segundo Camus, consiste na disparidade entre a demanda humana de sentido e a realidade irracional. Sísifo encarna essa condição, forçado a repetir um ato sem significado aparente.
📌 Reafirmação da Alternativa Correta:
A resposta é A (Confrontação da irracionalidade do real).
🔍 Resumo Final:
Camus destaca que o homem se depara com um universo silencioso, e o absurdo surge quando tentamos racionalizar ou dar sentido a algo que permanece indiferente às nossas exigências. Sísifo, eternamente rolando a pedra, simboliza essa tensão essencial.