Na Mesopotâmia, os frutos da civilização foram partilhados entre diversas cidades-estados e, no interior delas, entre vários grupos sociais, se bem que desigualmente. No Egito dos faraós, os frutos em questão concentraram-se quase somente na Corte real e, secundariamente, nos centros regionais de poder. Se na Mesopotâmia o comércio cedo começou a servir também à acumulação de riquezas privadas, no Egito as trocas importantes permaneceram por mais tempo sob controle do Estado.
CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986 (adaptado).
Um fator sociopolítico que caracterizava a organização estatal egípcia no contexto mencionado está indicado no(a)
A) atrofiamento da casta militar.
B) instituição de assembleias locais.
C) eleição dos conselhos provinciais.
D) fortalecimento do aparato burocrático.
E) esgotamento do fundamento teocrático.
Resolução em texto
Matérias Necessárias para a Solução da Questão (em letras comuns, sem destaque):
História Antiga (Egito e Mesopotâmia), Sociologia Política (Teocracias e Burocracias), Interpretação de Texto.
Nível da Questão (em letras comuns, sem destaque):
Médio
Gabarito (em letras comuns, sem destaque):
D) fortalecimento do aparato burocrático
Tema/Objetivo Geral (em letras comuns, sem destaque):
Identificar, no contexto da organização estatal egípcia, o fator sociopolítico que explica o forte controle do comércio e a concentração de recursos na Corte real.
🔷 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
Comando da Questão:
“O texto descreve a diferença entre o Egito e a Mesopotâmia no que diz respeito à circulação de riquezas e ao controle estatal. Pergunta: qual fator sociopolítico caracteriza a organização estatal egípcia no período mencionado?”
Explicação Detalhada:
O texto compara a Mesopotâmia, onde havia maior possibilidade de acumulação privada de riquezas, com o Egito, onde boa parte dos recursos ficava concentrada no faraó e no Estado. A questão pede qual característica sociopolítica explicava essa forma de organização.
Palavras-chave:
- Concentração de riquezas na Corte real
- Controle do comércio pelo Estado
- Mesopotâmia vs. Egito
Objetivo:
Mostrar que no Egito havia uma forte centralização política na figura do faraó, apoiada por um extenso aparato burocrático (escribas, administradores) para gerir os recursos e as trocas comerciais.
🔷 Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
- Burocracia Estatal no Egito Faraônico:
- O faraó era visto como um ser quase divino, responsável pelo bem-estar do reino.
- Para administrar esse território amplo e controlar as atividades econômicas, existia um grande corpo de escribas, cobradores de impostos e oficiais regionais.
- Centralização do Poder:
- Na Mesopotâmia, várias cidades-Estado tinham maior autonomia.
- No Egito, o poder convergia para o faraó, implicando uma administração muito organizada e hierárquica, um verdadeiro “Estado central”.
- Exemplo Prático/Analogias:
- Pense numa empresa enorme com um “chefão” que quer supervisionar tudo: ele precisa de muitos gerentes, supervisores e analistas para verificar produção, controle de estoque, finanças etc.
- No Egito, o “chefão” era o faraó, e os “gerentes” eram os escribas e burocratas, garantindo que o comércio e a produção corriam conforme as ordens do rei.
🔷 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
“No Egito dos faraós, os frutos em questão concentraram-se quase somente na Corte real e, secundariamente, nos centros regionais de poder. […] trocas importantes permaneceram por mais tempo sob controle do Estado.”
- Significado: As riquezas não circulavam livremente entre comerciantes privados, como na Mesopotâmia; ficavam sob comando do faraó e seu governo.
- Isso sugere uma rede de pessoas encarregadas de fiscalizar, recolher e administrar esses bens — ou seja, um aparelho burocrático robusto.
🔷 Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
- Se o Estado controla trocas importantes, não basta ter só o “rei supremo”.
- É preciso um conjunto de funcionários dedicados a acompanhar a produção, coleta de impostos, registro de mercadorias.
- Esse corpo de funcionários forma o aparato burocrático (funcionários públicos do faraó).
- Em contraste, Mesopotâmia = maior espaço para a iniciativa privada e cidades-Estado com mais autonomia.
Assim, o fator sociopolítico que explica esse modelo egípcio é o fortalecimento do aparato burocrático, para pôr em prática a centralização do Estado.
🔷 Passo 5: Análise das Alternativas (ou Argumentos) e Resolução
- (A) atrofiamento da casta militar:
- Errado. O Egito não enfraqueceu sua casta militar; era importante para garantir fronteiras e estabilidade.
- (B) instituição de assembleias locais:
- Errado. Nada indica que o Egito adotou esse sistema de participação política, que seria mais característico de outro tipo de governo.
- (C) eleição dos conselhos provinciais:
- Errado. Não havia eleições para conselhos provinciais no Egito faraônico. Era uma monarquia extremamente centralizada.
- (D) fortalecimento do aparato burocrático:
- Correto. A necessidade de controlar riquezas e comércio levou a uma estrutura burocrática grande e eficiente, concentrada no poder real.
- (E) esgotamento do fundamento teocrático:
- Errado. O fundamento teocrático do faraó (divinização do rei) permaneceu forte por muito tempo.
🔷 Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
Resumo do Raciocínio:
O texto mostra que no Egito “os frutos da civilização” (riquezas, produtos, comércio) ficavam praticamente sob o domínio do faraó e do Estado. Para tanto, foi necessário um amplo aparato burocrático para organizar e fiscalizar esse processo.
Reafirmação da Alternativa Correta:
D) fortalecimento do aparato burocrático.
Resumo Final:
A concentração de bens e o controle do comércio pelo Estado indicam um sistema de administração amplo e centralizado, típico de uma monarquia forte com vários funcionários para gerir o império. Logo, o fator sociopolítico em evidência é o fortalecimento do aparato burocrático.
