Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos de batalha.
SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Mauad; Adesa, 1996.
Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto destaca o descontentamento com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos
A) pais, pela separação forçada dos filhos.
B) cativos, pelo envio compulsório ao conflito.
C) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos.
D) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas.
E) senhores, pela perda do investimento em mão de obra.

Resolução em texto
Matérias Necessárias para a Solução da Questão:
História do Brasil (Império, Guerra do Paraguai), Sociologia das Relações de Trabalho, Interpretação de Texto.
Nível da Questão:
Médio
Gabarito:
E) senhores, pela perda do investimento em mão de obra
Tema/Objetivo Geral:
Compreender o descontentamento dos senhores de escravos em face da mobilização compulsória de seus cativos para a Guerra do Paraguai, desfazendo a ideia de que os soldados seriam todos “voluntários da pátria”.
🔷 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
Comando da Questão:
“Desconstruindo o mito dos ‘voluntários da pátria’, o texto destaca o descontentamento com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos…”
Explicação Detalhada:
A questão questiona qual grupo social expressava forte insatisfação com o recrutamento de pessoas para a Guerra do Paraguai — e não se tratava de voluntários. Precisamos identificar que o texto fala sobre proprietários de escravos reclamando do envio de seus cativos sem permissão, indicando sua preocupação com a perda de mão de obra.
Palavras-chave:
- Protesto
- Escravos mandados para o campo de batalha
- Ocorrências policiais
Objetivo: Reconhecer que os senhores de escravos se opunham ao envio de seus cativos porque perderiam seu investimento econômico em mão de obra, o que explica o descontentamento descrito no texto.
🔷 Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
Guerra do Paraguai (1864–1870):
- Maior conflito armado na América do Sul, envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai contra o Paraguai.
- O Brasil precisava de soldados e recorreu à mobilização (por vezes compulsória) de pessoas, incluindo escravos.
“Voluntários da pátria”:
- Ideia oficial de que muitos brasileiros teriam se alistado voluntariamente.
- Na prática, existiram casos de recrutamento forçado, inclusive de escravos, contradizendo o mito do voluntariado.
Posição dos Senhores de Escravos:
- Os senhores consideravam seus cativos como bens de alto valor.
- Perder a mão de obra escrava — seja pela guerra ou pelo risco de morte — significava prejuízo econômico.
🔷 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
“[…] 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos de batalha […] Protestos das autoridades policiais ou de senhores pela perda do investimento.”
Conclusão Parcial:
O descontentamento vem dos senhores de escravos que não queriam ver sua força de trabalho levada para a guerra sem autorização, pois isso causaria prejuízo.
🔷 Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
- Havia a propaganda de “voluntários da pátria”, mas, na realidade, muitos escravos foram enviados à força.
- Os senhores reclamavam, pois perdiam seu “bem” ou “investimento”.
- O texto deixa claro que esses senhores de escravos protestavam contra o governo.
- Logo, o grupo que expressava esse descontentamento era o dos proprietários, e a motivação era a “perda de mão de obra”.
🔷 Passo 5: Análise das Alternativas (ou Argumentos) e Resolução
A) pais, pela separação forçada dos filhos
❌ Incorreta. O texto fala de escravos e seus senhores, não especificamente de pais e filhos.
B) cativos, pelo envio compulsório ao conflito
❌ Incorreta. Os escravos, claro, sofriam imposição, mas o texto fala do protesto formal e “agentes sociais que se rebelavam” eram proprietários de escravos.
C) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos
❌ Incorreta. Não se aborda grupos religiosos protestando.
D) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas
❌ Incorreta. O texto menciona “proprietários de escravos” reclamando do “recrutamento sem permissão”.
E) senhores, pela perda do investimento em mão de obra
✅ Correta. É exatamente o que o texto indica: senhores de escravos se opõem à mobilização forçada dos cativos.
🔷 Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
Resumo do Raciocínio:
A Guerra do Paraguai exigiu grande quantidade de soldados, e muitas vezes escravos foram recrutados à força, gerando descontentamento nos senhores que perdiam sua mão de obra valiosa, “investimento” que sustentava sua economia.
Reafirmação da Alternativa Correta:
E) senhores, pela perda do investimento em mão de obra
Resumo Final:
O texto desfaz o mito de “voluntários da pátria” ao revelar que havia protesto dos senhores de escravos por seu prejuízo econômico, pois muitos escravos eram recrutados sem a anuência dos proprietários, retirando deles a mão de obra escrava.