Os pesquisadores que trabalham com sociedades indígenas centram sua atenção em documentos do tipo jurídico-administrativo (visitas, testamentos, processos) ou em relações e informes e têm deixado em segundo plano as crônicas. Quando as utilizam, dão maior importância àquelas que foram escritas primeiro e que têm caráter menos teórico e intelectualizado, por acharem que estas podem oferecer informações menos deformadas. Contrariamos esse posicionamento, pois as crônicas são importantes fontes etnográficas, independentemente de serem contemporâneas ao momento da conquista ou de terem sido redigidas em período posterior. O fato de seus autores serem verdadeiros humanistas ou pouco letrados não desvaloriza o conteúdo dessas crônicas.
PORTUGAL, A. R. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
As fontes valorizadas no texto são relevantes para a reconstrução da história das sociedades pré-colombianas porque:
A) sintetizam os ensinamentos da catequese.
B) enfatizam os esforços de colonização.
C) tipificam os sítios arqueológicos.
D) relativizam os registros oficiais.
E) substituem as narrativas orais.

📚 Matérias Necessárias para a Solução da Questão: História da América, Historiografia, Povos Indígenas, Fontes Históricas
📊 Nível da Questão: Médio
📝 Tema/Objetivo Geral: Avaliar o papel das crônicas na reconstrução histórica das sociedades indígenas pré-colombianas.
🎯 Gabarito: D
Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
O comando da questão está implícito na frase: “As fontes valorizadas no texto são relevantes para a reconstrução da história das sociedades pré-colombianas porque…”
O que está sendo exigido é a identificação da justificativa central apresentada pelo texto para valorizar as crônicas como fontes para a história dos povos indígenas, mesmo aquelas escritas posteriormente ao contato inicial.
📌 O objetivo é entender por que as crônicas são consideradas fontes importantes, mesmo sendo vistas com desconfiança por parte da historiografia mais tradicional.
Passo 2: Explicação dos Conceitos Históricos Envolvidos
📌 A historiografia sobre povos indígenas tradicionalmente valorizou documentos formais (jurídico-administrativos, como testamentos e visitas) e relatos contemporâneos à conquista, por considerá-los menos “deformados” por interpretações posteriores.
No entanto, o texto defende que as crônicas, mesmo escritas por autores mais intelectualizados ou em períodos posteriores, são fontes etnográficas legítimas. Elas permitem compreender aspectos culturais, sociais e políticos das sociedades indígenas.
📌 A defesa dessas fontes se baseia na ideia de que não é o nível de erudição ou o tempo em que foram escritas que determina sua validade, mas sim sua contribuição para relativizar e complementar os registros oficiais, ampliando o olhar sobre essas culturas.
Passo 3: Interpretação do Texto e Desenvolvimento do Raciocínio
O texto questiona a prática historiográfica que desvaloriza crônicas por não serem contemporâneas à conquista ou por serem mais teóricas. Em vez disso, defende que tais crônicas também devem ser vistas como documentos válidos, pois:
✅ oferecem informações etnográficas relevantes, ainda que indiretas;
✅ não precisam ser descartadas por não pertencerem à burocracia colonial;
✅ ajudam a relativizar a visão oficial e hegemônica dos documentos estatais, revelando outras formas de ver e registrar o indígena.
Portanto, o texto valoriza essas crônicas como instrumentos de diversificação da leitura histórica, o que nos leva à alternativa correta.
Passo 4: Análise das Alternativas e Resolução
A) sintetizam os ensinamentos da catequese.
❌ O texto não trata da função catequética das crônicas, mas de sua relevância para a etnografia indígena.
B) enfatizam os esforços de colonização.
❌ A valorização das crônicas não se deve ao destaque da colonização, e sim à sua utilidade na compreensão dos povos indígenas.
C) tipificam os sítios arqueológicos.
❌ As crônicas são fontes textuais, não ligadas diretamente à arqueologia.
D) relativizam os registros oficiais.
✅ O texto afirma que as crônicas, mesmo sendo vistas com reservas, são importantes justamente porque permitem questionar e relativizar os registros oficiais da administração colonial.
E) substituem as narrativas orais.
❌ O texto não propõe substituição de fontes orais, mas complementação das fontes oficiais por crônicas escritas.
Passo 5: Conclusão e Justificativa Final
📌 A questão aborda a discussão historiográfica sobre a validade das crônicas como fontes para compreender os povos indígenas. O texto argumenta que, ao contrário do que alguns estudiosos defendem, essas crônicas — mesmo posteriores à conquista — são relevantes por trazerem informações etnográficas valiosas, que ajudam a relativizar os registros oficiais e ampliar a visão sobre as sociedades pré-colombianas.
🔍 Resumo Final: As crônicas, apesar de teóricas ou posteriores ao contato inicial, são valorizadas por fornecerem uma perspectiva alternativa aos documentos oficiais, permitindo uma leitura mais crítica e abrangente da história dos povos indígenas.