Questão 49 caderno azul do ENEM 2022 PPL – Dia 1

Questão 049 – ENEM PPL 2022 -

A charge, publicada em 1907, concorda com a ação do Estado ao considerar, preconceituosamente, determinada ocupação do espaço urbano como um

A) risco à saúde e à moral pública.

B) foco de instabilidade e agitação política.

C) perigo à segurança e à unidade nacional.

D) abrigo de escravos e condenados foragidos.

E) reduto de intolerância e perseguição religiosa.

Resolução em texto

Matérias Necessárias para a Solução da Questão: História do Brasil (Primeira República), Urbanização, Políticas de Higienização Social.

Nível da Questão: Médio.

Gabarito: Alternativa A.

Tema/Objetivo Geral (Opcional): Compreender como, no início do século XX, as ações estatais de higienização urbana refletiam preconceitos e justificavam a remoção de populações de baixa renda, associando-as a riscos à saúde e à moral.


🔹 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo

Comando da Questão

“A charge, publicada em 1907, concorda com a ação do Estado ao considerar, preconceituosamente, determinada ocupação do espaço urbano como um…?”

Explicação Detalhada
A pergunta pede que identifiquemos a visão preconceituosa expressa na charge de 1907, em que o Estado aparece “limpando” um morro habitado por pessoas pobres. Precisamos relacionar a política de higienização do período com o modo como a população de baixa renda era vista pelas autoridades.

Identificação de Palavras-Chave

  • “Favella” (com grafia da época)
  • “Hygiene” (delegacia de higiene)
  • “limpeza indispensável”
  • “concorda com a ação do Estado”
  • “preconceituosamente”

Definição do Objetivo

Identificar a razão pela qual essa charge defende a remoção da favela, ou seja, a “limpeza” de uma área considerada perigosa à saúde e à moral, evidenciando o preconceito de que essas populações seriam focos de doença e de condutas indesejáveis.


🔹 Passo 2: Explicação de Conceitos Necessários

  1. Política de Higienização (início do séc. XX): Conjunto de medidas urbanas e sanitárias adotadas por governos municipais e estaduais para “modernizar” as cidades. Essas ações frequentemente envolviam expulsar populações pobres de áreas centrais e encostas de morros, sob a justificativa de combater doenças e “melhorar” a paisagem.
  2. Visão Preconceituosa da Favela: O Estado e parte da sociedade associavam favelas à marginalidade, falta de higiene e moralidade duvidosa. A caricatura do “morro” e do “povo favelado” reforçava esse estereótipo.

“Esses conceitos ajudam a entender como a favela era vista como problema de saúde pública e moral, justificando políticas repressivas.”


🔹 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto

(Coloque-se no lugar do aluno que lê e interpreta a charge)

  • A charge mostra uma figura representando a “Delegacia de Hygiene” que “limpa” o morro da Favella.
  • O título “UMA LIMPEZA INDISPENSÁVEL” sugere que a favela seria algo sujo e doentio.
  • Em 1907, havia uma forte campanha higienista para expulsar moradores pobres dos centros urbanos.
  • Assim, o leitor, ao observar a imagem, percebe que a favela é retratada como um grande rosto doente ou imoral, e a ação estatal como “necessária” para “purificar” a cidade.

“Isso revela um preconceito, pois trata os moradores como ameaça à saúde e aos bons costumes, endossando a ideia de que a favela deve ser removida.”


🔹 Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio

  1. Contexto Histórico: Na Primeira República, especialmente no Rio de Janeiro, o prefeito Pereira Passos (1902-1906) liderou reformas urbanas que removiam cortiços e favelas em nome da modernização e higiene.
  2. Charge: Ela corrobora a visão oficial, tratando as moradias populares como “sujeira” ou “doença”.
  3. Foco no Preconceito: Esse preconceito baseia-se na associação entre pobreza, doenças e imoralidade, criando uma justificativa para a remoção forçada de populações vulneráveis.

“Conclusão parcial: a ocupação de favelas é vista como risco à saúde e à moral pública, reforçando uma política de remoção e segregação.”


🔹 Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução

A) Risco à saúde e à moral pública.

  • Por que atrai? A charge fala de “limpeza indispensável” e “delegacia de higiene”, indicando preocupações sanitárias e morais.
  • Por que está correta? Reflete a política higienista da época, que tratava a favela como um lugar de doença e imoralidade.

B) Foco de instabilidade e agitação política.

  • Por que atrai? Poderia-se pensar em revoltas ou agitação, mas o texto não cita diretamente questões políticas ou rebeliões.
  • Por que está errado? A ênfase está na saúde e higiene, não em agitação política.

C) Perigo à segurança e à unidade nacional.

  • Por que atrai? Talvez se argumente que favelas fossem vistas como locais de criminalidade.
  • Por que está errado? A charge fala de “higiene” e “limpeza”, não de criminalidade ou ameaça à segurança nacional.

D) Abrigo de escravos e condenados foragidos.

  • Por que atrai? Após a abolição, muitos negros foram para morros e favelas.
  • Por que está errado? O texto não menciona escravos foragidos; está focado em higiene e moral, não na condição de escravizados.

E) Reduto de intolerância e perseguição religiosa.

  • Por que atrai? Poder-se-ia confundir com repressão de cultos afro-brasileiros.
  • Por que está errado? O texto não aborda questões religiosas, mas sanitárias e morais.

“Portanto, a melhor resposta é que a favela é vista como um risco à saúde e à moral pública.”


🔹 Passo 6: Conclusão e Justificativa Final

Resumo do Raciocínio

  • A charge de 1907 retrata a remoção forçada de favelas, apoiada pela visão higienista.
  • Esse preconceito considerava os moradores pobres como foco de doenças e moralidade duvidosa, justificando a “limpeza” urbana.

Reafirmação da Alternativa Correta

Alternativa A: “Risco à saúde e à moral pública.”

Resumo Final
A imagem mostra como, no início do século XX, a favela era encarada como “sujeira” a ser removida para proteger a cidade de supostos riscos sanitários e morais. Assim, a charge concorda com a ação do Estado, preconceituosamente, ao tratar aquela ocupação do espaço urbano como ameaça à saúde e à moral da população.

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