
A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se constitui por uma fotografia de cadeira, uma cadeira exposta e um quadro com o verbete “Cadeira”. Trata-se de um exemplo de arte conceitual que revela o paradoxo entre verdade e imitação, já que a arte
A) não é a realidade, mas uma representação dela.
B) fundamenta-se na repetição, construindo variações.
C) não se define, pois depende da interpretação do fruidor.
D) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas de registro.
E) redesenha a verdade, aproximando-se das definições lexicais.

Matérias Necessárias para a Solução da Questão
- Interpretação de texto
- Arte conceitual
- Conceitos de mimesis (imitação) na arte
Nível da Questão: Médio.
Gabarito: Letra A.
Resolução Passo a Passo
Passo 1: Análise do Comando e Objetivo
A questão pede uma análise sobre uma obra de Joseph Kosuth e sua relação com a arte conceitual. O enunciado destaca que a obra de 1965 consiste em uma fotografia de uma cadeira, a cadeira real e um quadro com o verbete “Cadeira”, revelando o paradoxo entre verdade e imitação. O objetivo da questão é identificar o conceito central presente na obra de Kosuth, que questiona a relação entre a arte e a realidade.
Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto
A obra de Joseph Kosuth apresenta três elementos relacionados à cadeira: uma fotografia, uma cadeira real e uma definição escrita da palavra “Cadeira”. Esses elementos, ao se combinarem, questionam o conceito de realidade e sua representação na arte. A obra não tenta ser uma representação perfeita da cadeira, mas, sim, um comentário sobre a própria ideia de como as coisas são representadas, utilizando a fotografia e a definição como formas de imitação ou abstração.
A arte, nesse contexto, não se limita a replicar o objeto real, mas propõe uma reflexão sobre o que significa representar algo, levando o espectador a perceber que a arte não é a realidade em si, mas apenas uma representação dela.
Passo 3: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
- Arte conceitual: Movimento artístico que enfatiza a ideia ou o conceito por trás da obra, em vez de sua execução técnica ou formal. A arte conceitual muitas vezes questiona os próprios fundamentos da arte, como a representação e a percepção da realidade.
- Mimesis (imitação): Conceito originado na filosofia grega, especialmente com Aristóteles, que defende que a arte é uma imitação da realidade. Kosuth, ao usar diferentes formas de representação (fotografia, objeto real e definição), questiona essa ideia de mimesis, sugerindo que a arte não é uma simples imitação, mas uma construção conceitual.
Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
A obra de Kosuth visa justamente refletir sobre o conceito de mimesis, ou seja, a ideia de que a arte deve ser uma imitação da realidade. No caso de sua obra, ele não está tentando reproduzir a cadeira de forma fiel, mas mostrando que a arte pode ser uma representação da realidade, mas não a própria realidade. A cadeira, quando fotografada, quando vista fisicamente e quando definida verbalmente, se torna um objeto de reflexão sobre como percebemos e representamos o mundo. Portanto, a arte aqui é uma representação, não a realidade em si.
Passo 5: Análise das Alternativas
Alternativa A: “A arte não é a realidade, mas uma representação dela.”
- Certa: Kosuth está refletindo sobre como a arte pode representar a realidade, sem ser a realidade. A cadeira não é “a cadeira”, mas um conjunto de elementos que a representam de formas diferentes (fotografia, objeto real e definição). Isso reflete a concepção de que a arte é uma representação e não uma cópia exata da realidade.
Alternativa B: “A arte fundamenta-se na repetição, construindo variações.”
- Errada: Embora a arte conceitual possa explorar variações, o foco da obra de Kosuth não está na repetição ou variação de elementos, mas na reflexão sobre o conceito de representação e mimesis. Não é a variação o foco principal, mas a ideia de representar um objeto de diferentes maneiras.
Alternativa C: “A arte não se define, pois depende da interpretação do fruidor.”
- Errada: Embora a interpretação seja importante na arte, a obra de Kosuth tem um conceito claro que questiona a relação entre a realidade e a arte. O que está em jogo é a ideia de representação, não uma total indefinição. A arte conceitual tem sim um conceito a ser transmitido, embora abra espaço para múltiplas interpretações.
Alternativa D: “A arte resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas de registro.”
- Errada: A obra de Kosuth não está discutindo a resistência ou preservação da arte ao longo do tempo, mas sim sua capacidade de representar a realidade de maneiras diferentes. O foco não está na preservação ou no registro de artefatos, mas na reflexão sobre o conceito de representação.
Alternativa E: “A arte redesenha a verdade, aproximando-se das definições lexicais.”
- Errada: Embora a obra use a definição de “Cadeira”, o foco não é redesenhar a verdade ou criar uma definição mais próxima de um dicionário. O que Kosuth faz é provocar uma reflexão sobre como a arte pode representar a realidade de forma abstrata, e não apenas em termos lexicais ou de definição precisa.
Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
Conclusão:
Kosuth questiona o conceito de mimesis, mostrando que a arte não precisa ser uma cópia fiel da realidade. Sua obra ilustra que a arte é uma representação da realidade, mas não a própria realidade. Por isso, a alternativa A é a correta, pois ela reflete exatamente a ideia de que a arte não é a realidade, mas uma forma de representá-la.
Resumo Final:
A questão aborda a reflexão de Joseph Kosuth sobre o conceito de mimesis e como a arte pode representar a realidade sem ser a realidade. A alternativa correta, A, reflete a ideia central da obra de que a arte é uma representação da realidade e não uma imitação exata dela.