Questão 21, caderno azul do ENEM 2018 – Dia 1

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
“Paz no futuro e glória no passado”.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta ,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento)

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um (a)

a) reverência de um povo a seu país.

b) gênero solene de característica protocolar.

c) canção concebida sem interferência da oralidade.

d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.

e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

Resolução em texto

Matérias Necessárias para a Solução da Questão:
  • Interpretação de Texto – Compreensão da função e do gênero do hino nacional.
  • Gêneros Textuais – Identificação das características do gênero solene e protocolar.

Nível da Questão:
  • Fácil – Exige conhecimento sobre norma-padrão e a função do hino nacional, conceitos básicos no estudo de gêneros textuais.

Gabarito: Letra B – Gênero solene de característica protocolar.

Passo 1: Análise do Comando e Objetivo

Comando da questão:

A questão pede para identificar o motivo do uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional Brasileiro. A norma-padrão é a variante formal da língua portuguesa e é utilizada em contextos que exigem maior grau de solenidade e oficialidade.

Palavras-chave:
  • Norma-padrão – Variação formal da língua portuguesa.
  • Hino Nacional – Gênero textual específico, com caráter solene.
  • Justificado – Pede a explicação do motivo por trás dessa escolha linguística.

Objetivo da questão:

Identificar o motivo pelo qual a linguagem formal e a norma-padrão são utilizadas no Hino Nacional Brasileiro.


Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto

O Hino Nacional é um símbolo nacional e, por essa razão, segue regras formais e linguísticas próprias de textos solenes. A norma-padrão, ou norma culta, é a variante linguística usada em documentos oficiais e em situações que exigem formalidade e respeito, sendo essencial para manter a grandiosidade e a uniformidade da mensagem.

No trecho apresentado, percebemos essa formalidade nos seguintes aspectos:

  • Uso de vocabulário culto: Palavras como “lábaro”, “flâmula” e “clava” não são usuais na linguagem cotidiana, reforçando o tom elevado do hino.
  • Estrutura sintática elaborada: Frases como “Mas, se ergues da justiça a clava forte” seguem um padrão mais complexo, com inversão sintática e construções formais.
  • Ausência de marcas da oralidade: Não há gírias, expressões informais ou variações regionais, garantindo um texto uniforme e acessível para todos os cidadãos.
  • Uso de vocativos e repetições enfáticas: Expressões como “Ó Pátria amada, idolatrada, salve! Salve!” dão um tom grandioso ao discurso, típico de textos solenes.

Essa escolha linguística se justifica porque o Hino Nacional precisa representar a nação de maneira oficial e solene, sem espaço para variações informais que poderiam comprometer sua imponência e universalidade.


Passo 3: Desenvolvimento do Raciocínio

A escolha da norma-padrão no Hino Nacional não é aleatória, mas sim intencional, pois:

  1. Mantém a formalidade e o respeito que um símbolo nacional exige – Um hino deve ser compreendido como um texto solene, que exalta o país de forma grandiosa.
  2. Evita regionalismos ou variações informais da língua – Se o hino usasse gírias ou construções informais, poderia perder o caráter unificador e oficial.
  3. Segue a tradição dos gêneros textuais solenes – Textos como discursos oficiais, leis e hinos adotam a norma-padrão para garantir prestígio e seriedade.

Portanto, a alternativa correta deve enfatizar essa função solene e protocolar do hino.


Passo 4: Análise das Alternativas e Resolução

A) Reverência de um povo a seu país.

Errada. Se essa alternativa estivesse correta, o foco do hino estaria apenas na demonstração de amor e respeito pelo país. No entanto, a pergunta trata da escolha da norma-padrão, que não está relacionada diretamente à reverência, mas sim ao caráter protocolar do gênero.

B) Gênero solene de característica protocolar.

Alternativa correta. O Hino Nacional segue a norma-padrão porque faz parte de um gênero textual solene e oficial, exigindo uma linguagem formal e respeitosa.

C) Canção concebida sem interferência da oralidade.

Se essa alternativa estivesse correta, significaria que a formalidade do hino se deve exclusivamente à ausência da oralidade. No entanto, a razão principal para o uso da norma-padrão não é simplesmente evitar traços da fala cotidiana, mas sim a natureza solene e oficial do gênero textual. O hino nacional precisa seguir um registro culto e elevado para reforçar seu caráter patriótico e protocolar, garantindo respeito e solenidade à mensagem. Dessa forma, embora seja verdade que o hino não apresenta marcas de oralidade, essa característica não é a principal justificativa para o uso da norma-padrão, tornando essa alternativa incorreta.

D) Escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.

Errada. Se essa alternativa estivesse correta, a linguagem formal do hino seria resultado apenas do período histórico em que foi escrito. Embora o hino tenha sido composto no século XIX, sua formalidade não é um reflexo apenas da época, mas sim da necessidade de solenidade que o gênero exige até hoje.

E) Artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

Errada. Se essa alternativa estivesse correta, o foco estaria na importância cultural do hino. Embora o Hino Nacional seja um artefato cultural respeitado, isso não justifica o uso da norma-padrão, que é uma escolha estilística e formal para se adequar ao gênero protocolar.


Passo 5: Conclusão e Justificativa Final

A norma-padrão é utilizada no Hino Nacional porque ele pertence a um gênero textual solene e oficial, que exige uma linguagem formal, clara e respeitosa. Esse tipo de texto precisa manter um tom elevado, evitando expressões informais ou regionais que possam comprometer sua solenidade.

Portanto, a alternativa correta é B – Gênero solene de característica protocolar.