BONS DIAS!
14 de junho de 1889
Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais velhos! Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, – igual ou quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado.
ASSIS, M. Bons dias! (Crônicas 1888-1889). Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Hucitec, 1990.
O jornal impresso é parte integrante do que hoje se compreende por tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como
A) objeto de devoção pessoal.
B) elemento de afirmação da cultura.
C) instrumento de reconstrução da memória.
D) ferramenta de investigação do ser humano.
E) veículo de produção de fatos da realidade.
Resolução em texto
Informações Iniciais
- Matérias Necessárias para a Solução da Questão: Interpretação de texto, análise de gêneros textuais, compreensão de funções de linguagem.
- Nível da Questão: Médio
- Gabarito: C (instrumento de reconstrução da memória)
- Tema/Objetivo Geral (Opcional): Analisar como o texto de Machado de Assis enfatiza o papel do jornal como meio de recuperar vivências passadas e reconstituir o passado.
Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
📌 Retomar o Comando da Questão:
“Nesse texto, o jornal é reconhecido como…?”
🔹 Explicação Detalhada (O que está sendo pedido):
O enunciado explora como o texto de Machado de Assis (datado de 14 de junho de 1889) aborda o jornal impresso. Ele quer saber, em suma, qual o papel que o jornal desempenha segundo a reflexão do autor.
✔ Identificação de Palavras-chave:
- “revivescência do passado”
- “recomposição do extinto”
- “memória”
📌 Definição do Objetivo:
Identificar que, no texto, o jornal é entendido como algo que resgata e reconstitui experiências e vivências passadas, funcionando como instrumento de reconstrução da memória.
➡️ “Agora que o comando foi analisado e o objetivo definido, vamos explicar os conceitos e conteúdos necessários.”
Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
📌 Conceitos Teóricos Essenciais:
- Gênero Crônica: O texto de Machado de Assis se apresenta em tom de crônica, refletindo sobre o cotidiano e a passagem do tempo.
- Jornal Impresso: Tradicional veículo de informação, que, para o autor, registra acontecimentos e valores de uma época.
- Memória e Registro Histórico: Elementos que associam os jornais antigos à ideia de “ruínas de uma civilização”, ou seja, documentos que evocam o passado.
🔹 Definições e Representações Visuais:
- Podemos imaginar um arquivo de jornais velhos, que desperta recordações e sensações de uma época que não existe mais.
➡️ “Com os conceitos estabelecidos, prossigamos para a interpretação do texto.”
Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
📌 Análise do Contexto:
- O fragmento de Machado de Assis enaltece a sensação que os “jornais velhos” provocam: uma “revivescência do passado”.
- O autor contrapõe a ideia de “saudade piegas” a uma percepção mais profunda: as folhas antigas são “recomposição do extinto”.
🔹 Identificação de Frases-chave:
- “revivescência do passado”
- “uma das mais profundas sensações da vida”
- “igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização”
✔ Relação com o Conteúdo Linguístico:
- Esses trechos evidenciam que o jornal é uma fonte de memória e história, indo além de mera “saudade”.
➡️ “Agora que o texto foi interpretado, vamos desenvolver o raciocínio para a resolução completa.”
Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
📌 Resolução Completa:
- Machado de Assis descreve os jornais velhos como um “retrato do extinto” – ou seja, guardam em suas páginas os acontecimentos e as ideias de outro tempo.
- Ler esses jornais equivale a contemplar ruínas, uma metáfora para a civilização que já se foi.
- Assim, o jornal é reconhecido como meio de reconstruir esse passado, pois nele se preservam fatos, valores e traços culturais de uma época.
- Portanto, a alternativa que destaca o jornal como “instrumento de reconstrução da memória” é a que melhor se encaixa na reflexão machadiana.
🔹 Explicação da Lógica Textual e Interpretativa:
- O autor enfatiza a dimensão de “reviver” (revivescência) e “recomposição do extinto”, deixando claro que, ao ler jornais antigos, recupera-se algo do passado.
➡️ “Com o raciocínio desenvolvido, vamos analisar as alternativas apresentadas.”
Passo 5: Análise das Alternativas (ou Argumentos) e Resolução
📌 Reescrita das Alternativas:
A) objeto de devoção pessoal
B) elemento de afirmação da cultura
C) instrumento de reconstrução da memória
D) ferramenta de investigação do ser humano
E) veículo de produção de fatos da realidade
✅ Justificativa da Alternativa Correta (C):
- O texto sublinha que, por meio dos jornais antigos, há uma “recomposição do extinto”, uma “revivescência do passado”, indicando que eles funcionam como um instrumento para recuperar a memória histórica e cultural.
❌ Análise das Alternativas Incorretas:
- A (objeto de devoção pessoal): Não há menção de devoção individual ou idolatria.
- B (elemento de afirmação da cultura): Embora o jornal retrate valores culturais, o foco é na memória, não apenas na afirmação cultural.
- D (ferramenta de investigação do ser humano): O texto não se concentra em uma investigação do “ser humano”, mas no valor memorial.
- E (veículo de produção de fatos da realidade): O jornal não “produz” fatos, apenas os registra.
➡️ “Finalmente, vamos concluir a resolução com um resumo e a justificativa final.”
Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
📌 Resumo do Raciocínio:
- Machado de Assis associa os jornais antigos à experiência de contemplar ruínas de uma civilização, isto é, um contato direto com o passado.
- Essa “revivescência do passado” confirma o jornal como meio de reconstruir a memória.
📌 Reafirmação da Alternativa Correta:
A resposta correta é C (instrumento de reconstrução da memória).
🔍 Resumo Final:
O texto de Machado de Assis retrata o jornal impresso como algo que guarda e faz reviver o passado, funcionando como um “instrumento de reconstrução da memória”. Por isso, a alternativa C é a que melhor reflete o papel do jornal na crônica apresentada.
