Ao abrigo do teto, sua jornada de fé começava na sala de jantar. Na pequena célula cristã, dividia-se a refeição e durante elas os crentes conversavam, rezavam e liam cartas de correligionários residentes em locais diferentes do Império Romano (século II da Era Cristã). Esse ambiente garantia peculiar apoio emocional às experiências intensamente individuais que abrigava.
SENNET, R. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2008.
Um motivo que explica a ambientação da prática descrita no texto encontra-se no(a)
A) regra judaica, que pregava a superioridade espiritual dos cultos das sinagogas.
B) moralismo da legislação, que dificultava as reuniões abertas da juventude livre.
C) adesão do patriciado, que subvertia o conceito original dos valores estrangeiros.
D) decisão política, que censurava as manifestações públicas da doutrina dissidente.
E) violência senhorial, que impunha a desestruturação forçada das famílias escravas.

Resolução em texto
Matérias Necessárias para a Solução
- História Antiga
- Cristianismo primitivo
- Império Romano
- Perseguição Religiosa.
Nível da Questão: Médio – exige conhecimento sobre o contexto histórico do Cristianismo primitivo no Império Romano e suas práticas.
Gabarito: LETRA D – Decisão política, que censurava as manifestações públicas da doutrina dissidente.
Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
Comando da questão:
Identificar o motivo que levou os cristãos, no século II d.C., a praticarem sua fé em ambientes fechados e privados, como descrito no texto.
Palavras-chave:
- Práticas religiosas cristãs: Encontros caracterizados por oração, leitura e apoio emocional em espaços privados.
- Doutrina dissidente: Referência ao Cristianismo, que desafiava as práticas religiosas tradicionais romanas.
- Censura e perseguição: Políticas romanas que restringiam e reprimiam a expansão da nova religião.
Objetivo:
Relacionar a prática secreta dos cristãos ao contexto de perseguição e repressão política no Império Romano.
Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto
Frases-chave do texto:
- “Dividiam a refeição e… rezavam e liam cartas de correligionários”: Descreve a prática de encontros comunitários e solidários dos cristãos.
- “Na pequena célula cristã”: Evidencia que as reuniões desse grupo ocorriam em espaços fechados, protegidos de olhos externos.
- “Garantia peculiar apoio emocional”: Mostra a necessidade de união e conforto em um contexto de perseguição.
Interpretação Geral:
As reuniões cristãs no século II eram realizadas de forma discreta e em locais privados devido à repressão do Império Romano, que via o Cristianismo como uma ameaça à ordem política e religiosa.
Passo 3: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
- Cristianismo Primitivo:
- No século II d.C., o Cristianismo ainda era uma religião minoritária e considerada ilegal pelo Império Romano.
- Seus adeptos eram vistos como dissidentes, pois rejeitavam o culto aos deuses romanos e ao imperador, elementos centrais para a unidade política do Império.
- Perseguição aos Cristãos:
- Os cristãos eram acusados de práticas subversivas e desleais ao Império. Por isso, as autoridades políticas frequentemente reprimiam suas reuniões públicas.
- Essa repressão levava os cristãos a se reunirem secretamente em casas particulares (as chamadas “igrejas domésticas”).
- Decisão Política Romana:
- A perseguição não era apenas cultural, mas sistemática, com leis que restringiam a liberdade religiosa e tornavam ilegais as reuniões cristãs.
- Dissidente:
- Adjetivo que se refere a quem se separa de um grupo, partido ou seita por discordar de suas ideias, princípios, métodos, comportamentos, doutrinas, etc.
Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
O texto descreve práticas comuns entre os cristãos primitivos, como reuniões em casas para rezar, compartilhar refeições e trocar mensagens de apoio. Essas práticas eram realizadas em segredo porque, no século II d.C., o Cristianismo era considerado ilegal e reprimido pelo Estado Romano.
A perseguição oficial aos cristãos era resultado de decisões políticas que buscavam proteger a ordem e os valores tradicionais romanos, dificultando manifestações públicas de crenças que desafiassem o politeísmo e o culto ao imperador. Assim, os cristãos optaram por realizar suas práticas em locais fechados e seguros.
Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução
A) Regra judaica, que pregava a superioridade espiritual dos cultos das sinagogas:
- Errada. O texto não menciona o Judaísmo nem uma relação direta com as sinagogas. A questão trata das práticas cristãs e da repressão romana.
B) Moralismo da legislação, que dificultava as reuniões abertas da juventude livre:
- Errada. O texto não aborda restrições específicas à juventude ou questões moralistas. O foco é a perseguição geral ao Cristianismo como doutrina dissidente.
C) Adesão do patriciado, que subvertia o conceito original dos valores estrangeiros:
- Errada. Não há menção no texto à adesão do patriciado (classe social mais alta da sociedade romana, naquele período) nem à subversão de valores estrangeiros. O contexto está centrado na repressão política ao Cristianismo.
D) Decisão política, que censurava as manifestações públicas da doutrina dissidente:
- Correta. O texto destaca a necessidade de reuniões privadas devido à repressão política. A perseguição oficial ao Cristianismo no século II obrigava os cristãos a praticarem sua fé em segredo.
E) Violência senhorial, que impunha a desestruturação forçada das famílias escravas:
- Errada. O texto não aborda o sistema escravista nem a violência senhorial. Ele trata da repressão política ao Cristianismo.
Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
A alternativa D é correta porque relaciona diretamente as práticas religiosas privadas dos cristãos à repressão oficial do Império Romano. Essa perseguição política explica por que os cristãos precisavam se reunir secretamente, em locais fechados e protegidos.