Questão 80, caderno azul do ENEM 2023 PPL

Há uma década, Alter (PA) e Santarém (PA) resgatam o idioma de nheengatu — a língua mais falada no Brasil e proibida em 1758 pela Coroa portuguesa — por meio do ensino em 47 escolas. Uma delas é a Escola Indígena Antônio de Sousa Pedroso, mais conhecida como Escola Borari. A região é hoje repleta de mestres nativos de nheengatu. Nhe’eng significa “língua”, e “boa” é a tradução de katu. Daí o nheengatu ou nhengatu (ou língua geral), criado no século 16 pelos jesuítas a partir do tupi e criminalizado no século 18 por um decreto do Marquês de Pombal.

LEMOS, S. Indígena ensina língua proibida pelos portugueses na paradisíaca Alter (PA).
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 11 nov. 2021 (adaptado).

O ensino da língua mencionada no texto tem como objetivo a

A) resolução dos conflitos legais.
B) estetização do dialeto regional.
C) gramatização do vocabulário local.
D) valorização da tradição cultural.
E) reabilitação das autoridades políticas.

📚 Matérias Necessárias para a Solução da Questão

História do Brasil, Cultura Indígena, Políticas Linguísticas, Colonização Portuguesa.

🎯 Nível da Questão: Médio.

Gabarito: Letra D.


📖 Resolução Passo a Passo

🔹 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo

O enunciado apresenta um caso recente de resgate da língua nheengatu em escolas de Alter e Santarém (PA), destacando que esse idioma foi proibido em 1758 pela Coroa Portuguesa. O comando da questão pede para identificar qual o objetivo desse ensino atualmente.

Para resolver isso, precisamos focar em dois elementos principais:
✔️ O passado da língua nheengatu – Falada amplamente no Brasil e depois proibida.
✔️ O presente da língua – Sendo resgatada em escolas.

A questão busca a principal motivação por trás desse ensino: seria uma questão legal? Um aprimoramento da gramática? Um resgate cultural?

O foco da questão está na relação entre língua e cultura, pois idiomas não são apenas meios de comunicação, mas também guardiões de identidades e tradições.


🔹 Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários

Para entender melhor, vamos destacar dois pontos essenciais:

1️⃣ A imposição do português e a proibição do nheengatu
Durante a colonização, os portugueses perceberam que diferentes povos indígenas falavam línguas similares, então os jesuítas criaram o nheengatu (também chamado de “língua geral”), misturando elementos do tupi para facilitar a comunicação. Por muito tempo, essa foi a língua mais falada no Brasil!

Porém, em 1758, o Marquês de Pombal proibiu o nheengatu e impôs o português como única língua oficial, visando o controle político e cultural da população. Isso foi parte de um processo de apagamento da cultura indígena.

2️⃣ A importância das línguas para a identidade cultural
Línguas são mais do que palavras – elas carregam tradições, histórias, crenças e modos de vida. Quando um idioma desaparece, perde-se um pedaço da história de um povo. O ensino do nheengatu, então, é uma ação de valorização cultural e resistência, permitindo que os indígenas reconectem-se com suas origens.


🔹 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto

O texto informa que o ensino do nheengatu ocorre em 47 escolas e destaca que ele foi um idioma muito falado no Brasil antes de ser proibido em 1758. O uso do verbo “resgatar” indica que se trata de uma tentativa de recuperar algo perdido.

Além disso, o texto menciona que há mestres nativos ensinando o idioma, o que sugere um esforço da própria comunidade para manter viva a tradição.

O ponto central aqui é que o ensino do nheengatu não está focado em leis, estética ou gramática, mas sim no resgate cultural. O próprio nome da língua (“língua boa”) já indica sua importância para os povos que a falam.


🔹 Passo 4: Análise das Alternativas e Resolução

Agora, vamos analisar cada alternativa:

  • (A) Resolução dos conflitos legais.
    O texto não menciona disputas jurídicas relacionadas ao idioma. Para essa alternativa estar correta, o texto deveria falar sobre leis, processos judiciais ou regulamentações.


  • (B) Estetização do dialeto regional.
    O ensino do nheengatu não tem um propósito estético, mas sim cultural. Para essa alternativa estar correta, o texto deveria destacar a beleza fonética da língua ou seu uso em arte e música.


  • (C) Gramatização do vocabulário local.
    O objetivo do ensino não é apenas estruturar regras gramaticais, mas sim resgatar o uso da língua em seu contexto social e cultural. Para essa alternativa estar correta, o texto deveria enfatizar um estudo linguístico formal.


  • (D) Valorização da tradição cultural.
    Correto! O ensino do nheengatu tem como principal objetivo resgatar e fortalecer a identidade cultural indígena, preservando a história e as tradições da região.


  • (E) Reabilitação das autoridades políticas.
    O texto não menciona governantes ou figuras políticas sendo restabelecidos. Para essa alternativa estar correta, deveria haver menção a líderes indígenas recuperando cargos políticos.

🏆 Passo 5: Conclusão e Justificativa Final

O ensino do nheengatu em Alter e Santarém não busca apenas ensinar palavras e regras gramaticais, mas sim resgatar um patrimônio cultural indígena, que foi reprimido no passado pela colonização.

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