Apesar de derrotado na Batalha do Jenipapo, o exército de sertanejos libertou três províncias nordestinas. Esse confronto foi dos mais violentos, embora tenha ocorrido em um único dia — 13 de março de 1823. A batalha foi o resultado de embates entre o poder português e a população sertaneja piauiense, cearense e maranhense de todas as classes sociais, que formaram uma multidão de voluntários armados de instrumentos como facões, enxadas, foices, machados.
DIAS, C. M. M. Entre foices e facões. Revista de História, n. 70, jul. 2011 (adaptado).
No processo de construção do Estado nacional, esse conflito oferece um contraponto à narrativa focada em D. Pedro ao evidenciar o(a)
A) vigor do legado patrimonialista.
B) imposição da solução republicana.
C) deficiência das tropas metropolitanas.
D) protagonismo da resistência autônoma.
E) continuidade das contradições políticas.
Resolução em texto
📘 Matérias Necessárias para a Solução da Questão:
História do Brasil: Independência, Conflitos Regionais, Formação do Estado Nacional
📔 Nível da Questão:
Médio
✅ Gabarito:
D) protagonismo da resistência autônoma
🎯 Tema/Objetivo Geral:
Analisar o papel das populações regionais na consolidação da independência do Brasil
🔷 Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
📌 Retomada do Comando da Questão:
“No processo de construção do Estado nacional, esse conflito oferece um contraponto à narrativa focada em D. Pedro…”
📌 Explicação Detalhada:
A questão quer saber qual outro agente histórico pode ser considerado protagonista no processo da Independência do Brasil além de D. Pedro I. Ela convida o aluno a romper com uma visão centralizada e elitista da independência.
📌 Palavras-chave:
- “processo de construção do Estado nacional”
- “contraponto à narrativa focada em D. Pedro”
- “exército de sertanejos”
- “multidão de voluntários”
📌 Objetivo da Questão:
Reconhecer o papel ativo das populações locais nordestinas, especialmente dos sertanejos, na luta contra o domínio português, mesmo fora do centro político do Rio de Janeiro.
➡️ Agora que o comando foi analisado e o objetivo definido, vamos explicar os conceitos e conteúdos necessários.
🔷 Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
📌 1. Independência do Brasil (1822–1823):
Embora o grito do Ipiranga tenha ocorrido em 7 de setembro de 1822, a independência não foi aceita imediatamente em todo o território, sendo necessário resolver conflitos em outras províncias.
📌 2. Batalha do Jenipapo (13 de março de 1823):
Foi um confronto sangrento no Piauí, em que pessoas comuns — sertanejos, lavradores, pequenos comerciantes — enfrentaram tropas portuguesas, mesmo com armamentos improvisados.
📌 3. Resistência Autônoma:
Esse conceito indica ações descentralizadas, espontâneas e populares, sem necessariamente a liderança da elite política do Sudeste, como D. Pedro I.
📌 4. Formação do Estado Nacional:
A consolidação do Brasil como nação exigiu adesão das províncias, o que só foi possível em vários lugares graças à luta de grupos locais contra a dominação portuguesa.
➡️ Com os conceitos estabelecidos, prossigamos para a interpretação do texto.
🔷 Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
📌 Análise do Contexto:
O texto descreve uma batalha em que sertanejos nordestinos enfrentaram tropas portuguesas em 1823, após a proclamação da independência.
📌 Frases-chave do Texto:
- “exército de sertanejos libertou três províncias nordestinas”
- “população sertaneja piauiense, cearense e maranhense”
- “multidão de voluntários armados de instrumentos como facões, enxadas, foices…”
📌 Relação com os Conteúdos:
Esses elementos revelam que o movimento de independência não se restringiu a decisões da elite imperial, mas teve forte atuação popular e autônoma nas províncias, especialmente no Nordeste.
➡️ Agora que o texto foi interpretado, vamos desenvolver o raciocínio para a resolução completa.
🔷 Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio
📌 Etapa 1: Nem tudo aconteceu no Sudeste.
A independência do Brasil não foi um evento pontual e pacífico. Foi necessário derrotar resistências internas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
📌 Etapa 2: O povo como protagonista.
A Batalha do Jenipapo mostra um exemplo claro de que pessoas comuns, de forma organizada e autônoma, foram decisivas no processo.
📌 Etapa 3: Quebra da narrativa centralizadora.
A narrativa tradicional privilegia D. Pedro como figura única da independência, mas a realidade mostra ações locais fundamentais, como a do Piauí.
📌 Etapa 4: Protagonismo regional.
Mesmo com a derrota militar no campo de batalha, os sertanejos forçaram a retirada das tropas portuguesas e garantiram a integração das províncias ao Brasil independente.
➡️ Com o raciocínio desenvolvido, vamos analisar as alternativas apresentadas.
🔷 Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução
📌 A) vigor do legado patrimonialista
❌ Errada. O texto não trata de relações entre Estado e propriedade pública ou privada.
📌 B) imposição da solução republicana
❌ Errada. O Brasil permaneceu como monarquia após a independência. Não houve república nessa fase.
📌 C) deficiência das tropas metropolitanas
❌ Errada. Embora os portugueses tenham sido expulsos, o texto deixa claro que os sertanejos foram derrotados na batalha, o que invalida essa leitura.
📌 D) protagonismo da resistência autônoma
✅ Correta. O enunciado destaca a atuação popular nordestina, independente do poder central, como fundamental para a consolidação da independência.
📌 E) continuidade das contradições políticas
❌ Errada. Ainda que o processo da independência tenha suas contradições, essa não é a ênfase do texto.
➡️ A alternativa correta é D) protagonismo da resistência autônoma.
🔷 Passo 6: Conclusão e Justificativa Final
📌 Resumo do Raciocínio:
A Batalha do Jenipapo evidencia que a independência não foi um processo exclusivamente conduzido por D. Pedro I. A participação popular — especialmente a dos sertanejos nordestinos — foi decisiva para expulsar os portugueses e consolidar o novo Estado nacional.
📌 Reafirmação da Alternativa Correta:
✅ A alternativa correta é D) protagonismo da resistência autônoma, pois ela evidencia a luta regional e popular que complementa (e contrapõe) a narrativa centrada na elite do Sudeste.
🔍 Resumo Final:
A questão propõe uma revisão da narrativa tradicional da independência, destacando o papel dos sertanejos nordestinos na resistência contra as tropas portuguesas em 1823. Mesmo sendo derrotados militarmente, sua atuação foi essencial para consolidar a adesão de províncias ao novo Estado brasileiro, reforçando o protagonismo popular e autônomo no processo.
