Questão 75, caderno azul do ENEM 2021 – DIA 1

De um lado, ancorados pela prática médica europeia, por outro, pela terapêutica indígena, com seu amplo uso da flora nativa, os jesuítas foram os reais iniciadores do exercício de uma medicina híbrida que se tornou marca do Brasil colonial. Alguns religiosos vinham de Portugal já versados nas artes de curar, mas a maioria aprendeu na prática diária as funções que deveriam ser atribuídas a um físico, cirurgião, barbeiro ou boticário.

Gurgel, C. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).

Conforme o texto, o que caracteriza a construção da prática medicinal descrita é a

A) adoção de rituais místicos.

B) rejeição dos dogmas cristãos.

C) superação da tradição popular.

D) imposição da farmacologia nativa.

E) conjugação de saberes empíricos.

Resolução em Texto

Matérias Necessárias para a Solução:

  • História (período colonial brasileiro);
  • Ciências Sociais (interculturalidade e práticas de saúde).

Nível da Questão: Médio.

Gabarito: E


1º Passo: Análise do Comando e Definição do Objetivo

Comando da Questão:
Identificar o que caracteriza a prática medicinal híbrida introduzida pelos jesuítas no Brasil colonial, conforme descrito no texto.

Palavras-chave:

  • “Prática medicinal híbrida”;
  • “Terapêutica indígena”;
  • “Prática médica europeia”;
  • “Funções atribuídas”.

Objetivo:
Compreender como ocorreu a fusão de diferentes conhecimentos (europeu e indígena) no desenvolvimento da prática medicinal no Brasil colonial.

Dica Geral:
⚠️ Questões sobre práticas culturais híbridas exigem atenção à interação de diferentes tradições e saberes, evitando respostas que apontem para exclusão ou imposição.


2º Passo: Tradução e Interpretação do Texto

O texto destaca que os jesuítas desempenharam um papel essencial no desenvolvimento de uma prática medicinal híbrida no Brasil colonial. Essa prática unia o conhecimento médico europeu e os saberes terapêuticos indígenas, especialmente relacionados ao uso da flora nativa. Muitos jesuítas aprenderam essas práticas no cotidiano, incorporando elementos de ambas as tradições.

Conclusão parcial:
A prática medicinal descrita foi construída por meio da conjugação de diferentes saberes empíricos (europeu e indígena), refletindo a interação cultural no contexto colonial.


3º Passo: Explicação de Conceitos Necessários

  • Hibridismo cultural: Combinação de elementos de diferentes tradições ou culturas, gerando práticas e conhecimentos novos, comuns em sociedades coloniais.
  • Saberes empíricos: Conhecimentos adquiridos pela experiência prática, sem dependência de teorias ou métodos formalizados.
  • Terapêutica indígena: Uso de técnicas tradicionais, como ervas medicinais, rituais e práticas baseadas no conhecimento da natureza local.

4º Passo: Análise das Alternativas

  • A) Adoção de rituais místicos.
    Incorreta. O texto não menciona rituais místicos como elemento central da prática medicinal híbrida.
  • B) Rejeição dos dogmas cristãos.
    Incorreta. Os jesuítas eram representantes da Igreja Católica e não rejeitavam os dogmas cristãos; ao contrário, integravam suas práticas com a religião.
  • C) Superação da tradição popular.
    Incorreta. Não houve superação, mas sim integração dos saberes europeus com as práticas indígenas, que eram fundamentais nesse contexto.
  • D) Imposição da farmacologia nativa.
    Incorreta. O texto não sugere uma imposição, mas uma conjugação de práticas europeias e indígenas.
  • E) Conjugação de saberes empíricos.
    Correta. A prática medicinal descrita foi marcada pela integração de conhecimentos empíricos europeus e indígenas, evidenciando a fusão de saberes.

Dica Geral:
⚠️ Em questões sobre hibridismo cultural, foque na ideia de troca e combinação de práticas em vez de imposição ou rejeição de uma delas.


5º Passo: Conclusão e Justificativa Final

Conclusão:
A alternativa correta é E, pois a prática medicinal descrita no texto é caracterizada pela conjugação de saberes empíricos, resultante da interação entre o conhecimento médico europeu e os saberes terapêuticos indígenas.

Resumo Final:
A prática medicinal híbrida no Brasil colonial reflete o hibridismo cultural, onde os jesuítas integraram seus conhecimentos europeus com as práticas indígenas locais, utilizando a experiência prática para enriquecer o cuidado com a saúde.

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