Questão 70, caderno azul do ENEM 2019 – DIA 1

Em nenhuma outra época o corpo magro adquiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou vestido, exposto em diversas revistas femininas e masculinas, está na moda: é capa de revistas, matérias de jornais, manchetes publicitárias, e se transformou em sonho de consumo para milhares de pessoas. Partindo dessa concepção, o gordo passa a ter um corpo visivelmente sem comedimento, sem saúde, um corpo estigmatizado pelo desvio, o desvio pelo excesso. Entretanto, como afirma a escritora Marylin Wann, é perfeitamente possível ser gordo e saudável. Frequentemente os gordos adoecem não por causa da gordura, mas sim pelo estresse, pela opressão a que são submetidos.

VASCONCELOS, N. A.; SUDO, I.; SUDO, N. Um peso na alma:  o corpo gordo e a mídia.
Revista Mal-Estar e Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado).

No texto, o tratamento predominante na mídia sobre a relação entre saúde e corpo recebe a seguinte crítica:

A) Difusão das estéticas antigas.

B) Exaltação das crendices populares.

C) Propagação das conclusões científicas.

D) Reiteração dos discursos hegemônicos.

E) Contestação dos estereótipos consolidados.

Resolução em Texto

Matérias Necessárias para a Solução

  • Sociologia: Padrões estéticos, estereótipos sociais e discursos hegemônicos.
  • Comunicação e Mídia: Papel da mídia na construção de ideais corporais.
  • Psicologia Social: Impactos dos estereótipos sobre os indivíduos e a saúde.

Nível da Questão Médio.

Gabarito E


Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo

O comando solicita a identificação da crítica apresentada no texto sobre a relação entre saúde e corpo difundida pela mídia.

  • Palavras-chave: “corpo magro”, “ideal”, “estigmatizado pelo desvio”, “possível ser gordo e saudável”.
  • Objetivo: Determinar a crítica feita pelo texto sobre os estereótipos corporais e o padrão hegemônico imposto pela mídia.

Passo 2: Tradução e Interpretação do Texto

O texto aponta como a mídia enaltece o corpo magro como padrão ideal, promovendo estereótipos que estigmatizam corpos gordos como sendo “sem saúde” ou “desviantes”. Porém, ele também defende que é possível ser gordo e saudável, desafiando a associação automática entre magreza e saúde.

  • Conclusão parcial: O texto critica os estereótipos consolidados na mídia sobre o corpo gordo e a relação simplista entre saúde e magreza.

Passo 3: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários

  1. Padrões estéticos e discursos hegemônicos:
    • O ideal de corpo magro reflete uma construção social que associa magreza à beleza e saúde.
    • Esses padrões são reforçados por discursos hegemônicos, que impõem normas aceitas como “naturais” ou “verdadeiras” na sociedade.
  2. Estigmatização e impactos sociais:
    • Estigmatizar corpos gordos implica rotulá-los como desviantes ou inferiores. Isso pode levar a discriminação, problemas psicológicos e exclusão social.
  3. Contestação de estereótipos:
    • O texto apresenta uma visão crítica, mostrando que saúde não é determinada exclusivamente pelo peso corporal e que os estereótipos podem ser enganosos e prejudiciais.

Passo 4: Desenvolvimento do Raciocínio

O texto questiona a narrativa predominante na mídia de que o corpo magro é sinônimo de saúde e beleza, enquanto o corpo gordo é visto como desviante. Essa abordagem reproduz estereótipos que negligenciam a complexidade da saúde e ignoram a possibilidade de corpos gordos serem saudáveis.

Além disso, o texto sugere que o estresse e a opressão sofridos por pessoas gordas devido a esses padrões são mais prejudiciais à saúde do que a gordura em si. A crítica enfatiza a necessidade de desafiar tais noções preconceituosas e reavaliar a relação entre corpo, saúde e padrões estéticos.


Passo 5: Análise das Alternativas e Resolução

A) Difusão das estéticas antigas.

  • Errada: O texto trata de padrões estéticos contemporâneos, e não da difusão de padrões antigos.

B) Exaltação das crendices populares.

  • Errada: Não há referência a crendices populares; o texto critica padrões estéticos e associações simplistas entre magreza e saúde.

C) Propagação das conclusões científicas.

  • Errada: O texto não aborda conclusões científicas aceitas, mas sim estereótipos midiáticos.

D) Reiteração dos discursos hegemônicos.

  • Errada: Embora o texto mencione discursos hegemônicos, o foco está em criticá-los, e não em reiterá-los.

E) Contestação dos estereótipos consolidados.

  • Correta: O texto critica os estereótipos associados ao corpo magro e à saúde, propondo uma visão mais inclusiva e complexa sobre o tema.

Passo 6: Conclusão e Justificativa Final

O texto faz uma crítica clara aos estereótipos consolidados pela mídia, que associa o corpo magro à saúde e à superioridade. Ao questionar essas ideias, ele desafia os padrões hegemônicos e promove uma visão mais ampla e inclusiva sobre saúde e estética corporal.

Gabarito: E

Resumo Final

A questão aborda os padrões estéticos impostos pela mídia e sua relação com a saúde. O texto critica esses estereótipos, apontando que a saúde não pode ser reduzida à aparência física e desafiando a visão preconceituosa de que o corpo gordo é desviante. Gabarito: E.

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