Questão 57, caderno azul do ENEM 2023 – DIA 1

Quem se mete pelo caminho do pedido de perdão deve estar pronto a escutar uma palavra de recusa. Entrar na atmosfera do perdão é aceitar medir-se com a possibilidade sempre aberta do imperdoável. Perdão pedido não é perdão a que se tem direito [devido]. É com o preço destas reservas que a grandeza do perdão se manifesta.

RICOEUR, P. O perdão pode curar. Disponível em: www.lusosofia.net. Acesso em: 14 out 2019.

A reflexão sobre o perdão apresentada no texto encontra fundamento na(s)

a) rejeição particular amparada pelo desejo de poder.

b) decisão subjetiva determinada pela vontade divina.

c) liberdade mitigada pela predestinação do espírito.

d) escolhas humanas definidas pelo conhecimento empírico.

e) relações interpessoais medidas pela autonomia dos indivíduos.

Resolução em Texto

Matérias Necessárias para a Solução da Questão

● Interpretação de Texto

Nível da Questão: Fácil

Gabarito: E


1º Passo: Análise do Comando e Definição do Objetivo

O comando solicita a reflexão sobre o conceito de perdão no texto, destacando a condição de quem o pede e as nuances envolvidas.

Objetivo: Compreender a visão sobre o perdão apresentada por Ricoeur, com foco na relação entre o ato de perdoar e a liberdade dos indivíduos.


2º Passo: Interpretação do Texto

O texto de Ricoeur sugere que o perdão não é algo garantido ou devido, mas envolve uma disposição para aceitar a possibilidade da recusa. Pedir perdão implica reconhecer a possibilidade de o perdão não ser concedido, ou seja, o perdão não é uma obrigação, mas uma ação que envolve grandeza. O texto, assim, reflete sobre o perdão como algo que ocorre nas relações interpessoais, onde a autonomia de quem perdoa é essencial, pois o ato de perdoar não é forçado, mas sim uma escolha pessoal, uma abertura à possibilidade do imperdoável.


3º Passo: Análise das Alternativas

A) Rejeição particular amparada pelo desejo de poder:

  • Essa alternativa sugere que o sujeito rejeita o perdão do outro simplesmente porque pode (desejo de poder), sentindo-se superior. Isso está totalmente fora do contexto da reflexão proposta no texto.

B) Decisão subjetiva determinada pela vontade divina:

  • O texto não menciona uma vontade divina. O perdão no texto é descrito como uma ação humana e individual, baseada na liberdade de quem perdoa, sem recorrer a uma autoridade superior ou divina.

C) Liberdade mitigada pela predestinação do espírito:

  • Essa alternativa é absurda, pois sugere que a liberdade é diminuída pela determinação de Deus (predestinação) por quem será salvo e quem não será.

D) Escolhas humanas definidas pelo conhecimento empírico:

  • De fato o texto foca na escolha humana de perdoar ou não, mas não sugere que ela está ligada a um conhecimento empírico (baseado na experiência prática) ou racional, mas sim a uma escolha emocional e existencial, na qual a grandeza do perdão é evidenciada pela aceitação da possibilidade da recusa.

E) Relações interpessoais mediadas pela autonomia dos indivíduos:

  • Alternativa correta. O texto fala sobre o perdão como uma escolha das pessoas envolvidas nas relações interpessoais (entre pessoas), destacando a autonomia de quem perdoa e a possibilidade da recusa. O ato de perdoar está diretamente relacionado à liberdade e às escolhas humanas.

4º Passo: Conclusão e Justificativa

A alternativa correta é E) Relações interpessoais mediadas pela autonomia dos indivíduos. O texto descreve o perdão como uma ação de escolha livre e pessoal, baseada na autonomia dos envolvidos. O perdão não é algo a ser imposto, mas sim uma decisão que envolve a possibilidade de recusa, reforçando a ideia de que as relações interpessoais são moldadas pela liberdade das escolhas individuais.

Resumo: O texto reflete sobre o perdão como uma escolha pessoal, que depende da autonomia e liberdade dos envolvidos nas relações interpessoais.

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