Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade.
MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008.
O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por:
A) focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.
B) permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.
C) neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.
D) promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.
E) registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.

📚 Matérias Necessárias para a Solução da Questão: História do Brasil Contemporâneo, História Oral, Povos Indígenas, Metodologia Histórica
📊 Nível da Questão: Médio
📝 Tema/Objetivo Geral: Compreender a importância da História Oral como método para registrar experiências de grupos indígenas invisibilizados na historiografia oficial
🎯 Gabarito: E
Passo 1: Análise do Comando e Definição do Objetivo
O comando da questão está formulado no trecho: “O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por…”
📌 O objetivo da questão é reconhecer por que a História Oral é adequada para captar vivências indígenas urbanas que não estão registradas na historiografia tradicional, ou seja, compreender como esse método dá visibilidade a trajetórias marginalizadas e ausentes dos registros escritos.
Agora que o comando foi compreendido, vamos revisar os conteúdos históricos e metodológicos relacionados.
Passo 2: Explicação de Conceitos e Conteúdos Necessários
📌 A História Oral é uma metodologia que valoriza os relatos pessoais e as memórias dos sujeitos históricos, sobretudo daqueles que não deixaram registros escritos ou que foram silenciados pelas formas tradicionais da historiografia. O uso da História Oral, nesse caso, possibilita registrar os “entrelugares” — espaços simbólicos e sociais onde esses grupos constroem sua identidade e sobrevivência.
✔ Em contextos de exclusão social e cultural, como o dos povos indígenas urbanos, a História Oral permite registrar vivências subjetivas, estratégias de resistência e trajetórias de vida que seriam invisíveis em outras fontes.
📌 Grupos indígenas inseridos em espaços urbanos muitas vezes se encontram à margem da sociedade nacional e da documentação oficial — o que inclui tanto documentos públicos quanto registros acadêmicos tradicionais.
Com isso em mente, vamos interpretar o texto base para reforçar esses pontos.
Passo 3: Tradução e Interpretação do Texto
O texto destaca que a História Oral foi o método escolhido para entender a inserção dos povos indígenas em contextos urbanos porque suas experiências não estavam registradas pela historiografia tradicional. A fala dos sujeitos torna-se, assim, a principal fonte para reconstruir essas vivências.
📌 Frases-chave como “cuja memória reside na fala dos seus sujeitos” e “vivências ainda não estudadas pela historiografia” mostram que essas trajetórias não são encontradas nos registros escritos convencionais.
✔ Esses grupos, como os indígenas urbanos, geralmente não têm sua história documentada por instituições formais, o que os torna invisíveis nas práticas acadêmicas tradicionais. Por isso, a História Oral se torna um recurso fundamental: ela permite captar memórias e experiências a partir do ponto de vista dos próprios sujeitos, preservando saberes que estariam ausentes da narrativa oficial.
📌 Portanto, o uso desse método se justifica porque ele permite registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita, recuperando memórias marginalizadas e ampliando a compreensão histórica.
Passo 4: Análise das Alternativas e Resolução
A) focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica
❌ A questão não trata de mercado de trabalho ou formação técnica.
B) permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais
❌ Embora trate de sujeitos ausentes de registros formais, o objetivo da História Oral não é realizar recenseamentos, mas compreender experiências e memórias.
C) neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico
❌ A História Oral não se propõe a neutralizar ideologias, mas a valorizar as vozes e experiências dos sujeitos historicamente silenciados.
D) promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem
❌ A questão não trata de retorno geográfico ou territorial, mas de inserção social em contextos urbanos.
E) registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita
✅ A alternativa expressa com precisão a justificativa do uso da História Oral nesse caso: dar voz a sujeitos cujas experiências não são registradas por meios escritos ou tradicionais.
Finalizemos com uma conclusão e a justificativa final.
Passo 5: Conclusão e Justificativa Final
📌 A questão exige o reconhecimento da História Oral como uma metodologia capaz de resgatar e registrar vivências de grupos historicamente invisibilizados, como os indígenas em áreas urbanas. Sua importância reside na possibilidade de documentar trajetórias que não estão presentes na historiografia tradicional nem nas fontes escritas.
🔍 Resumo Final: A História Oral é essencial para registrar experiências de sujeitos afastados da tradição escrita, como os indígenas urbanos. Ela permite compreender suas vivências e dar visibilidade às suas trajetórias sociais e culturais. A alternativa correta é a E.